quinta-feira, 24 de maio de 2012

FOI NA CIDADE LIVRE QUE ESSA HISTÓRIA COMEÇOU...


Era o ano de 1957. Impulsionados pelo sonho de participar da construção da nova capital, brasileiros de todas as partes do país deixavam suas famílias e suas casas, movidos por um sonho. Um sonho que foi concretizado! Era uma nova vida! Uma vida que se esperava oferecesse novas oportunidades.

Chegavam de caminhão ou de jardineira. A estrada era de chão! De terra vermelha, como artérias expostas que traziam a seiva do progresso, no projeto de interiorização da capital.

Em sua bagagem, alguns não traziam quase nada. Algumas mudas de roupas, umas panelas talvez... algum mantimento para suprir os primeiros dias enquanto se instalavam.

Mas todos traziam algo que aqui não podia faltar: esperança! A esperança de participar daquele momento histórico! A esperança de construir uma nova cidade, um novo mundo, uma nova Capital. Esperança de oportunidades de trabalho, de se ter um canto para morar. Vinham sem saber muito o que poderiam encontrar. Traziam muita coragem, muita disposição, muita força para trabalhar!

Em meio àqueles primeiros que chegavam, estava o “Seo” Nivaldo, um jovem, à época, de seus vinte a trinta anos. A mulher e os filhos ficaram em Goiânia, sua cidade de origem, enquanto ele veio aqui para se instalar. Homem habilidoso, sabia da arte de construir. Montou sua barraca com paredes de papelão. A cozinha era debaixo de uma árvore. O fogão, improvisado. Montou o seu lar e foi buscar a família: Astéria, que nos contou essa história, e as crianças: duas meninas e um menino.

Não muito longe dali, na mesma Cidade Livre, hospedado, pelo que se sabe, no único hotel da cidade, chegara de São Paulo um bispo. Um bispo da Igreja Metodista, Rev. Isaías Sucasas. Veio como desbravador. Assim como João Wesley, o fundador do Metodismo, movido pelo Espírito do Deus Vivo e que desbravava novos horizontes montado em seu cavalo, Bispo Isaías veio desbravar o cerrado brasileiro. Era a marca do Metodismo chegando à nova capital.

Nivaldo, também metodista, assim que se instalou saiu à procura de onde pudesse congregar. Eram os primeiros dias da construção de Brasília. Haveria alguma igreja por aqui? Foi perguntando e se informando... até que encontrou o Bispo Sucasas. Nivaldo era o homem de que a Igreja Metodista precisava naquele momento e naquele lugar: um construtor! Mais do que isso: um metodista que abriu a porta de sua humilde e provisória barraca de paredes de papelão para a celebração do primeiro culto metodista em Brasília.

E foi no dia 29 de abril de 1957! Na frente da “barraca”, no dizer de Dona Astéria, em meio à poeira de terra vermelha. As pessoas sentadas nas pedras. Ali, com a presença de 24 homens e 4 mulheres, foi celebrado o primeiro culto da Igreja Metodista na Cidade Livre. O primeiro culto no Distrito Federal.

Era a Igreja Metodista cumprindo o seu papel na Evangelização e na Educação!

Os dias que se seguiram foram de muito trabalho. Era preciso pressa para construir! Primeiro, a casa pastoral. Depois, a primeira capela, de madeira com forro paulista, como era o modelo das primeiras construções. Ali, na primeira sede da Igreja Metodista no Distrito Federal, foi onde funcionou a primeira escola da cidade para atender aos filhos dos trabalhadores que para cá vieram. A tradição metodista de pioneirismo na Educação também esteve presente no início de Brasília.

Dona Astéria nos conta essa história com orgulho, mostrando o seu caldeirão, onde cozinhava o feijão para tanta gente, e a sua máquina de costura, que servia de mesa para servir com carinho ao Bispo Isaías.

Depois foram chegando outros. Dona Cacilda, enfermeira experiente, mulher de fé e coragem, desbravadora de horizontes geográficos e culturais, também chegou nessa época. Veio primeiro sozinha, depois foi logo buscar a família. Dona Cacilda, pioneira, foi a primeira enfermeira a chegar no solo brasiliense. De suas mãos parteiras, muita criança nasceu. De seu testemunho cristão, muita gente renasceu!

São pessoas que hoje lembram a história de como tudo começou: a História do Metodismo em Brasília.

No início de Brasília era comum ver-se ao longe pequenos ciclones que, na vastidão do Planalto, se agigantavam na medida em que se aproximavam. Eram de terra vermelha!

Quando penso nessa cena, lembro de uma outra que, imagino, aconteceu muito longe daqui: Ao longe, no horizonte, se via um ciclone de poeira. Era a poeira levantada pelo trote de um cavalo. Montado, o cavaleiro aos poucos se aproximava. Trazendo na bagagem a Bíblia e a sua fé, com o coração aquecido pelo Espírito Santo, João Wesley, o fundador do Metodismo, desbravava, no século XVIII, horizontes para testemunhar a Graça Redentora de Deus.

Na construção de Brasília, cena semelhante! Não montados em cavalos, mas igualmente levantando poeira!

A poeira vermelha da terra que brotava tal sangue das veias de estradas abertas!.

Vermelha, como vermelho é o céu no pôr do sol em Brasília!

Vermelho como o sangue derramado na Cruz!

Vermelha como a chama que simboliza a experiência do coração aquecido!

A chama do Espírito de Deus, que em nós habita, e aquece os nossos corações!


(Dulcinéa Cassis)



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