segunda-feira, 9 de novembro de 2009

IDE A BRASÍLIA - Depoimento de Jacira Sucasas em novembro de 1957


    (Clique na imagem para ler o original)

"Aos 3 de maio de 1957 tive o privilégio de ir até Brasília, levar a mensagem da mulher evangélica metodista, não só às autoridades civis, militares e eclesiásticas presentes por ocasião da primeira missa realizada naquela futura capital, mas também ao povo em geral.
 
Voltei encantada com tudo o que vi e ouvi! Tive o prazer de ver de perto o que o rev. Reily descreve em seu artigo "Os filhos de Wesley em Brasília", na revista de setembro. Fiquei cinco dias em Brasília,conversando comos nossos irmãos brasileiros que lá estão. Pude admirar de perto o esforço particular e destemido dos heróis bandeirantes que lá estão jogando a sua sorte, desbravando terra virgem e enfrentando toda a espécie de sacrifício e dificuldade.

 Vimos em Brasília um campo promissor para o evangelismo nacional. Imensa seara - aplainada e esperando ansiosa os semeadores! Percorrendo aqueles imensos horizontes, visitando as pessoas de casa em casa, falando de indivíduo em indivíduo, pensei comigo: gostaria de ficar ao menos uns dois meses aqui,  pois estou certa que poderia fazer não só um grande trabalho de evangelização, mas também de assistência social a este povo tão necessitado de alguma coisa superior...


JOVENS METODISTAS: este é o meu apelo. (faço-o com o coração cheio de alegria e esperança, pedindo a Deus que minhas palavras encontrem eco em vossos corações).  Programai o vosso próximo acampamento de trabalho para Brasília!

Ide levas àquelas plagas brasileiras um pouco do vosso espírito jovem e cristão. Não só fareis um trabalho pioneiro, de cooperação com o nosso governo, mas podereis mostrar com este gesto que a religião evangélica não é uma religião de promessas e fantasias, mas uma religião de ação, patriotismo e trabalho.

O povo de nossa Pátria está cansado de uma religião pagã, de santinhos e patuás. Brasília já está compreendendo isto! Por isso mesmo ela espera os evangélicos de braços abertos!

Ide a Brasília. Estou certa de que Deus vos chama para este glorioso trabalho. Muitas experiências podereis colher através dese trabalho, experiências que redundarão em bênçãos não só para a mocidade, mas também para muitos dos que lá estão.

Que Deus vos abençoe, meus queridos jovens metodistas."

Jacira Sucasas
Esposa do revmo.bispo Isaís Fernandes Sucasas

Extraído da revista Cruz de Malta, publicação da Igreja Metodista, edição de novembro de 1957, cedida por Marlene Faria.

COMO ESTAVA A IGREJA METODISTA NO DISTRITO FEDERAL, EM 1966

Em dezembro de 1966, Rev. Charles Wesley Clay, em relatório à Igreja, relata "Temos já oito Igrejas organizadas, 11 Escolas Dominicais, quatro Jardins de Infância, Cursos de Artesanato em 6 lugares, um programa diário de rádio e semanal de televisão, além de muitos outros trabalhos. Temos já três boas casas pastorais, quatro prédios para educação religiosa e quatro capelas provisórias de madeira, e mais uma em construção e outra para ser construída logo. Além disto há vários projetos de construção permanente em processos e vários terrenos que estão sendo legalizados. Todas estas responsabilidades tem prejudicado, um tanto, a assistência do Pastor à Igreja local. Não fôra os leigos, digo, o bom trabalho dos leigos em tôda parte estaríamos em piores condições. Além da Igreja local o Campo Missionário, do qual sou Superintendente, inclue uma Igreja em Sobradinho, uma na Asa Norte, outra em Paracatú e outra no Núcleo Bandeirante, formando a paróquia da qual também sou Pároco. Inclui o campo ainda outra Paróquia com as seguintes igrejas: Vila Matias e Gama (sendo o último uma congregação), Taguatinga Centro e Taguatinga Norte. Inclui ainda pontos de pregação e Escola Dominical em Vila Planalto, Invasão do IAPI e Vila Tenório e mais os planos de futuras construções nos terrenos da Asa Norte Comercial (para o pensionato universitário) e Asa Sul Comercial para escola Maternal. As organizações da Igreja e da Paróquia vão relativamente bem, graças a atenção de vários oficiais responsáveis. As outras igrejas da Paróquia também vão bem com a cooperação do jovem aspirante Antonio Maurilio Guimarães como pastor ajudante em Sobradinho. (sendo ele já aspirante ao diaconato agora no fim do ano), e a eficiente cooperação e colaboração do consagrado pastor, diácono Daniel Paulo Faria, pastor suplente da Asa Norte e N.Bandeirante." relatou, em ata, Wilma Hipólito.

domingo, 8 de novembro de 2009

Grande achado!

Artigo publicado na Cruz de Malta, em setembro de 1957 sobre a inauguração do primeiro trabalho da Igreja Metodista em Brasília - colaboração de Marlene Faria






OS FILHOS DE WESLEY EM BRASÍLIA

Escreveu: Duncan Alexander Reily

A história heróica e visionária de um bispo, um povo unido e uma capela-escola na nova capital


"TUA É, Ó SENHOR, a grandeza, e o poder, e a glória e a vitória, e a majestade, porque tudo que há no céu e na terra é teu. Tudo vem de ti, ó Senhor, e do que é teu to damos". Assim em uníssono falou a congregação no término do culto de inauguração e consagração da Escola Metodista em Brasília, que é também sua Capela temporária. Após a invocação da Benção Apostólica pelo revmo Bispo Isaías Fernandes Sucasas, só faltaram as calorosas despedidas, e os componentes das caravanas de metodistas vindas de Anápolis e Goiânia subiram nos caminhões para encetar a longa viagem de volta. Não foi com pouca emoção nesta data memorável de 7 de julho que presenciei esta cena comovente, que foi o "clímax" duma série de eventos que tiveram início em fevereiro deste ano. Nos aludidos acontecimentos, muitos metodistas colaboraram, para transformar um sonho em uma realidade palpável.

Quando cheguei ao Brasil em 1948, já se falava no futuro Distrito Federal em Goiás, lugar mais central que haveria de apressar o desenvolvimento do tremendo interior do país. Naquele tempo, porém, pouco entusiasmo existia em torno do assunto. No atual governo, no entanto, vê-se um esforço ingente para efetuar a mudança da capital. O presidente da nação faz frequentes visitas a Brasília, e sua simpatia e espírito democrático fazem-no amado pela população do lugar. Apesar das dúvidas que muitos ainda nutrem, o "vai ou não vai" do negócio, o metodismo viu a necessidade de fazer a sua parte no sentido educacional e evangelístico e resolveu hastear sua bandeira na Nova Capital.

O PRIMEIRO PASSO neste sentido se deu quando conseguimos, por intermédio do dr. Luiz Milazzo, Secretário de Agricultura, Comércio e Indústria do Estado de Goiás e do dr. Rui Ramos, ex-deputado federal, um excelente terreno medindo 8.000 metros quadrados, apenas a um quarteirão da rua principal do "Núcleo Bandeirantes", como se denomina o centro provisório da Nova Capital. Mas havia a exigência de construir dentro de 60 dias, uma escola nesse terreno. Quem iria fazer a construção e com que dinheiro? Na reunião ordinária da Junta Geral de Missões e Evangelização, o Bispo Isaías F. Sucasas, membro da Junta, ofereceu-se para ir até Brasília e ficar o tempo necessário para lançar bases firmes para a obra metodista. O obstáculo financeiro foi superado quando a Junta de Ecônomos da Igreja Metodista Central emprestou Cr$ 200.000,00 para iniciar a obra.

Chegando a Brasília, o Bispo precisou enfrentar a inevitável demora da burocracia local, mas, mesmo assim não perdeu tempo. Ia quase que diariamente do Núcleo Bandeirante até o "quartel general" do planejamento e das obras da Nova Capital, conhecido como "Novacap", para conseguir a medição do terreno e a aprovação da planta do prédio escolar, um "passeio" duns bons quilômetros. Escreve o Bispo Isaías da experiência: "Enquanto esperava para tratar dos interesses de nossa Igreja junto aos responsáveis e autoridades da Nova Capital, aproveitava o meu tempo em trabalho de catequese de casa em casa, de indivíduo a indivíduo. Assim pude travar relações com todos os negociantes, hoteleiros, donos de bar, padaria, farmácia, bancos, etc. Qual não foi minha surpresa descobrindo através desse trabalho, batistas, presbiterianos, pentecostais e metodistas! Verdadeira invasão dos evangélicos na cidade livre!..."

Antes de construir, o Bispo Isaías conseguiu realizar um culto, histórico ato de adoração, no dia 30 de abril, às 18 horas, no terreno dum leigo metodista, o sr. Nivaldo Barbosa. No dia 5 de maio no barraco que ele havia construído para sua moradia temporária (pequena casa de tábuas medindo 32,80 metros), com a presença de 20 pessoas, organizou a primeira Escola Dominical metodista. Portanto, antes da primeira missa católica, o metodismo já estava funcionando em Brasília. Abrindo um parêntesis, devo dizer que tive ocasião de assistir quando em Brasília a uma missa católica, a qual se realizou numa barraca coberta de lona, pois os católicos não possuem ainda capela Curiosamente, o padre deu pouca ênfase à elevação da hóstia com a sua transubstanciação. Cantaram-se vários hinos, alguns dos quais poderiam ter sido cantados num culto evangélico.

SABENDO que o nosso prédio escolar-capela seria inaugurado no dia 7 de julho, tratei de viajar para Brasília, chegando ao crepúsculo do dia 5. Cheguei ao lindo aeroporto de Brasília, cuja pista é uma das melhores do interior do Brasil, sem saber como iria descobrir o Bispo Isaías. Mas no micro-ônibus que leva os passageiros até a cidade (creio que há um único taxi em Brasília), conversava com o senhor que estava ao meu lado, dizendo-lhe do motivo da minha visita até a Nova Capital. Atrás havia vários médicos que vinham de diversos lugares de Minas e Goiás para um Congresso de Médicos; entre estes estava o dr. Isac Ribeiro, o encarregado do trabalho batista do Núcleo Bandeirantes. O dr. Isac me mostrou o lugar onde deveria saltar; no ponto me esperava a da. Jacira Sucasas, esposa do bispo e a miss Rosalie S. Brown, professora do Instituto Metodista, em São Paulo. O Bispo Isaías havia reservado uma cama para mim no Hotel Dom Pedro II, que, como logo descobri, tinha luz elétrica só durante a hora do jantar (quando funcionava) e água corrente só de vez em quando, pois o poço estava quase seco. Apesar dessas dificuldades normais duma cidade nascente, descobrimos que a alimentação era suculenta e farta. (Miss Brown não conseguiu lugar no hotel pois havia lugares só para homens; ela dormiu num colchão emprestado, colocado em cima de bancos na escola).

Conhecemos mais ou menos bem a cidade, que cresce assustadoramente. Pessoas de todas as partes do Brasil estão lá, muitas morando em tendas ou barracas de sapé ou palha, enquanto não arranjam melhor abrigo. Há muitos pequenos hotéis, todos superlotados, além de numerosos restaurantes, cafés e bares. Cinco bancos já funcionam, bem como uma companhia de seguros. O comércio cresce e algumas pequenas indústrias se montam. Quase todas as casas são de madeira. Cimento, tijolos e outros materiais de construção são caríssimos e difíceis de serem obtidos. Sábado de manhã fomos até a Novacap onde distribuímos folhetos e convites. Estivemos lá na hora em que o restaurante do SAPS estava servindo almoço, e entregamos convites aos operários na fila. Fomos informados de que o referido restaurante serve umas 2.000 refeições diárias. Neste dia, o Congresso de Médicos acima-mencionado estava reunido em Novacap, onde um engenheiro chefe explicava-lhes os planos das construções da Nova Capital. Pudemos entrar e assistir a sua palestra. A da. Jacira aproveitou o ensejo para fazer chegar às mãos do presidente Juscelino Kubistchek um convite para a inauguração da Escola Metodista. Diversos médicos também solicitaram convites.

NATURALMENTE, a nossa maior emoção se deu no dia 7 de julho, o dia da inauguração. Duas caravanas metodistas, de Anápolis e de Goiânia, vieram para abrilhantar a festa. Muitos dos caravanistas eram figuras do coral que, sob a regência do rev. José Cabral, pastor e S.D., emprestaram um "que" de arte e beleza à cerimônia de inauguração. Mas como hospedar um grupo deste tamanho? Onde dormiriam? O que e como comeriam? Estes obstáculos foram vencidos no espírito de amor cristão. Alguns dormiram no chão ou em colchões no prédio escolar; outros em casas de crentes amigos. Mas sem panelas e nem pratos e talheres, como preparar e servir um almoço pra uma multidão de metodistas com fome? solucionou-se o problema do modo gaúcho - fez-se um grande churrasco e cozinharam-se uns dez quilos de batata para salada, sobre um fogo aberto. Assim, muitos que nunca haviam provado churrasco à gaúcha tiveram esta oportunidade.

De manhã realizou-se uma singela cerimônia cívica quando, pela primeira vez, foi hasteado o pavilhão brasileiro no terreno da Escola Metodista. Depois, às quinze horas, o nosso salão não comportou as pessoas que vieram assistir às solenidades de inauguração da escola, cujo programa foi impresso na primeira gráfica de Brasília. Como herdeiros de Carlos Wesley, é natural que a música tenha recebido um lugar relevante, desde o cântico do Hino Nacional pela congregação e a execução de diversos hinos pelo conjunto coral sob a regência do rev. José Cabral, até o cântico dum hino escrito pelo Bispo Isaías F. Sucasas especialmente para a Escola Metodista de Brasília. A mensagem oficial, trazida pelo dr. Luiz Milazzo, Secretário da Agricultura, Comércio e Indústria do Est. de Goiás, fazendo uma feliz comparação entre a visão de Jacó em Betel (Casa de Deus) e o edifício que se consagrava como Casa de Ensino-Casa de Deus, interpretou com felicidade o significado da ocasião. Além das autoridades metodistas presentes, como o Bispo Isaías,o rev. José Cabral, S.D. e da. Jacira Sucasas, presidente da Federação das Senhoras da terceira Região, também vários oficiais civis estiveram presente ou fizeram-se representar. Entre eles, naturalmente, o já mencionado dr. Luiz Milazzo, o qual trouxe também a saudação do governador do Estado. Salientamos ainda a presença da esposas do dr. Sayão, vice-governador do Estado de Goiás e chefe das obras em Brasília. Irmãos das denominações irmãs, batista e presbiteriana, saudaram efusivamente aos metodistas. Mais importante ainda - quanto ao funcionamento da obra - devemos mencionar que o jovem Rubem Rodrigues Dantas, nosso professor-evangelista, foi apresentado e usou da palavra. Uma outra parte interessante do programa foi a exposição de presentes à Igreja e Escola. Eles incluíram um lampeão "Petromax" doado pelas senhoras da 3a Região; uma linda Bíblia de púlpito e aparelho da Santa Ceia doados pela Imprensa Metodista; material escolar doado pela da. Jacira Sucasas e diversos livros para a biblioteca da escola oferecidos por miss Rosalie Brown.

TENHO ME IMPRESSIONADO como os metodistas por toda a parte estão espontaneamente unindo forças para que a obra em Brasília tenha pleno êxito. Já tivemos oportunidade de apreciar a valiosa contribuição dos drs. Luiz Milazzo e Rui Ramos quanto ao terreno; do destemido trabalho pioneiro do Bispo Isaías Sucasas, que transformou uma barraquinha de 3 X 2,80 em "palácio episcopal", dali dirigindo a obra da construção bem como a obra inicial de evangelização. Já notamos a colaboração material da Igreja Central de São Paulo, cujo empréstimo possibilitou o início deste trabalho e cuja contribuição generosa de CR$ 150.000,00 está facilitando a sua concretização. Tivemos o ensejo de mencionar as dadivas de aparelhagem e equipamento doado por amigos e ainda o fato que um jovem se apresentou como professor-evangelista. (Outros também têm-se oferecido.) Mais uma vez o nome da "Central" merece nossa menção, pois é ela quem vai sustentar o professor.

Mas todos sabem que um começo não é suficiente; importa que mantenhamos a obra condignamente. Sem apelo especial, as igrejas e entidades metodistas vêm contribuindo. Por exemplo, o Concílio Distrital do Distrito da Penha, Terceira Região, fez uma oferta especial em prol da obra;outros fizeram o mesmo. O Distrito de Rudge Ramos, também da Terceira Região, votou as ofertas dos cultos dos Quartos Domingos para Brasília. Várias Escolas Dominicais já fizeram ofertas generosas; sem uma propaganda intensiva, muitas estão seguindo a feliz sugestão do rev. Messias Amaral dos Santos na sua coluna, "Tenho em mãos", a de dar cada Escola Dominical metodista mil cruzeiros para o trabalho na Nova Capital. Mesmo o Conselho central, reunido no Rio de Janeiro dias 1 e 2 de julho, votou uma verba de quinhentos dólares, CR$ 35.000,00 para este trabalho.

Sentimo-nos contentes e, por que não dizer, orgulhosos por pertencer a uma Igreja que sabe unir suas forças desta maneira tão bela para a realização de um ideal.

sábado, 7 de novembro de 2009

FOI NA CIDADE LIVRE QUE ESSA HISTÓRIA COMEÇOU...



Era o ano de 1957. Impulsionados pelo sonho de participar da construção da nova capital, brasileiros de todas as partes do país deixavam suas famílias e suas casas, movidos por um sonho. Um sonho que foi concretizado! Era uma nova vida! Uma vida que se esperava oferecesse novas oportunidades.

Chegavam de caminhão ou de jardineira. A estrada era de chão! De terra vermelha, como artérias expostas que traziam a seiva do progresso, no projeto de interiorização da capital.

Em sua bagagem, alguns não traziam quase nada. Algumas mudas de roupas, umas panelas talvez... algum mantimento para suprir os primeiros dias enquanto se instalavam.

Mas todos traziam algo que aqui não podia faltar: esperança! A esperança de participar daquele momento histórico! A esperança de construir uma nova cidade, um novo mundo, uma nova Capital. Esperança de oportunidades de trabalho, de se ter um canto para morar. Vinham sem saber muito o que poderiam encontrar. Traziam muita coragem, muita disposição, muita força para trabalhar!

Em meio àqueles primeiros que chegavam, estava o “Seo” Nivaldo, um jovem, à época, de seus vinte a trinta anos. A mulher e os filhos ficaram em Goiânia, sua cidade de origem, enquanto ele veio aqui para se instalar. Homem habilidoso, sabia da arte de construir. Montou sua barraca com paredes de papelão. A cozinha era debaixo de uma árvore. O fogão, improvisado. Montou o seu lar e foi buscar a família: Astéria, que nos contou essa história, e as crianças: duas meninas e um menino.

Não muito longe dali, na mesma Cidade Livre, hospedado, pelo que se sabe, no único hotel da cidade, chegara de São Paulo um bispo. Um bispo da Igreja Metodista, Rev. Isaías Sucasas. Veio como desbravador. Assim como João Wesley, o fundador do Metodismo, movido pelo Espírito do Deus Vivo e que desbravava novos horizontes montado em seu cavalo, Bispo Isaías veio desbravar o cerrado brasileiro. Era a marca do Metodismo chegando à nova capital.

Nivaldo, também metodista, assim que se instalou saiu à procura de onde pudesse congregar. Eram os primeiros dias da construção de Brasília. Haveria alguma igreja por aqui? Foi perguntando e se informando... até que encontrou o Bispo Sucasas. Nivaldo era o homem de que a Igreja Metodista precisava naquele momento e naquele lugar: um construtor! Mais do que isso: um metodista que abriu a porta de sua humilde e provisória barraca de paredes de papelão para a celebração do primeiro culto metodista em Brasília.

E foi no dia 29 de abril de 1957! Na frente da “barraca”, no dizer de Dona Astéria, em meio à poeira de terra vermelha. As pessoas sentadas nas pedras. Ali, com a presença de 24 homens e 4 mulheres, foi celebrado o primeiro culto da Igreja Metodista na Cidade Livre. O primeiro culto no Distrito Federal.

Era a Igreja Metodista cumprindo o seu papel na Evangelização e na Educação!

Os dias que se seguiram foram de muito trabalho. Era preciso pressa para construir! Primeiro, a casa pastoral. Depois, a primeira capela, de madeira com forro paulista, como era o modelo das primeiras construções. Ali, na primeira sede da Igreja Metodista no Distrito Federal, foi onde funcionou a primeira escola da cidade para atender aos filhos dos trabalhadores que para cá vieram. A tradição metodista de pioneirismo na Educação também esteve presente no início de Brasília.

Dona Astéria nos conta essa história com orgulho, mostrando o seu caldeirão, onde cozinhava o feijão para tanta gente, e a sua máquina de costura, que servia de mesa para servir com carinho ao Bispo Isaías.

Depois foram chegando outros. Dona Cacilda, enfermeira experiente, mulher de fé e coragem, desbravadora de horizontes geográficos e culturais, também chegou nessa época. Veio primeiro sozinha, depois foi logo buscar a família. Dona Cacilda, pioneira, foi a primeira enfermeira a chegar no solo brasiliense. De suas mãos parteiras, muita criança nasceu. De seu testemunho cristão, muita gente renasceu!

São pessoas que hoje lembram a história de como tudo começou: a História do Metodismo em Brasília.

No início de Brasília era comum ver-se ao longe pequenos ciclones que, na vastidão do Planalto, se agigantavam na medida em que se aproximavam. Eram de terra vermelha!

Quando penso nessa cena, lembro de uma outra que, imagino, aconteceu muito longe daqui: Ao longe, no horizonte, se via um ciclone de poeira. Era a poeira levantada pelo trote de um cavalo. Montado, o cavaleiro aos poucos se aproximava. Trazendo na bagagem a Bíblia e a sua fé, com o coração aquecido pelo Espírito Santo, João Wesley, o fundador do Metodismo, desbravava, no século XVIII, horizontes para testemunhar a Graça Redentora de Deus.

Na construção de Brasília, cena semelhante! Não montados em cavalos, mas igualmente levantando poeira!

A poeira vermelha da terra que brotava tal sangue das veias de estradas abertas!.

Vermelha, como vermelho é o céu no pôr do sol em Brasília!

Vermelho como o sangue derramado na Cruz!

Vermelha como a chama que simboliza a experiência do coração aquecido!

A chama do Espírito de Deus, que em nós habita, e aquece os nossos corações!

Dulcinéa Cassis

Foto: Igreja Metodista do Núcleo Bandeirante no dia da fundação da Sociedade Metodista de Jovens - 17.11.1957 - foto cedida pela Sra Astéria

quinta-feira, 5 de novembro de 2009

OFICIALIZAÇÃO DO NOME DA IGREJA METODISTA DA ASA SUL

Em Assembléia 18 de dezembro de 1966, presidida pelo Rev. Charles Wesley Clay, a então chamada Igreja Metodista Central de Brasília teve seu nome oficializado como Igreja Metodista da Asa Sul, "já que pelo plano arquitetônico de Brasília, não existe Igreja Central. Não é certo dizer a primeira pois no caso é a do Núcleo Bandeirante.", registrou Wilma Hipólito na ata da Assembléia.

PRIMEIRA ASSEMBLÉIA DA IGREJA METODISTA DA ASA SUL




No dia 3 de janeiro de 1962 foi realizada a primeira Assembléia da "Igreja Metodista Central de Brasília", ocasião em que foram eleitos os primeiros oficiais da igreja.

O pastor, Rev. Almir Pereira Bahia, pediu um voto de confiança para fazer as indicações para o "prenchimento dos diversos cargos da igreja, alegando que, tratando-se da primeira reunião da espécie em nosso meio, pouco era o conhecimento existente entre os membros, que possibilitasse alterar ou julgar, com felicidade, as indicações que trazia para a apreciação da Assembléia, junto de muita oração a Deus", relata Deyr Gomes, que lavrou a ata daquela reunião.

Você sabe o nome da primeira sede da Igreja Metodista da Asa Sul, que era localizada na 411/412 sul e onde foi realizada essa Assembléia?

quarta-feira, 4 de novembro de 2009

VOCÊ SABE?

Qual era o nome da primeira sede da Igreja Metodista da Asa Sul?

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domingo, 18 de outubro de 2009

Breve histórico da Igreja Metodista da Asa Sul

Textos extraídos pelas lembranças do pioneiros Ary Teixeira, Osvaldo Nascimento, Simei Domingues, Elvira Batista e Maria Luiza Fagundes e pelo Rev. Euler Oliveira, em seu trabalho "Estrutura Eclesiástica e Documentos da Missão".

Se você tem algo, ou conhece alguém que saiba, mais sobre a história da Igreja Metodista da Asa Sul, entre em contato conosco para assim acrescentarmos mais informações. Obrigado, e Deus o abençoe!

Não foram encontrados, nos livros que hoje estão na Igreja, elementos suficientes para exploração de todos os dados necessários para uma pesquisa mais completa. Contudo, alguns membros pioneiros foram consultados e deram subsídios para um breve histórico.

A Igreja Metodista da Asa Sul faz parte da 5ª Região Eclesiástica da Igreja Metodista, tendo como Bispo o Revmº. João Alves de Oliveira Filho, com sede na cidade de Birigui – SP. Integra o Distrito de Brasília – DF, que possui 14 igrejas, congregações e pontos missionários, sob a Superintendência do Rev. Euler Oliveira.

A Igreja da Asa Sul também é conhecida como Igreja Metodista Central de Brasília.

O trabalho Metodista em Brasília, começou no Núcleo Bandeirante, antiga Cidade Livre, através do casal Nivaldo e Astéria em 1956, com a ajuda do Bispo Isaias Sucasas.

Do Núcleo Bandeirante saíram alguns irmãos para iniciarem o trabalho metodista na Asa Sul. Foram para a quadra 412 Sul, em 09 de fevereiro de 1962, onde construíram um templo de madeira, conhecido como Barracão da 412 Sul, permanecendo ali até 1966.

O trabalho da Igreja Metodista da Asa Sul ficou pouco tempo na 412, uma vez que a NOVACAP pediu que a Igreja desocupasse a área, por ser destinada a prédios residenciais. Assim, a Igreja ganhou do mesmo órgão um grande terreno na quadra 610 Sul, Av. L-2, onde funciona até hoje.

Curiosidade: hoje, no local onde era o templo de madeira, funciona a Igreja do Nazareno, que não conseguiu nenhum terreno na L-2 Sul, e assim sendo, a NOVACAP acabou permitindo a sua instalação na 412.

Em meados de 1966, a Igreja da Asa Sul começou a se reunir no novo endereço e seu local definitivo no setor de Igrejas, Colégios e Hospitais.
As obras na 610 Sul foram iniciadas pelo Rev. Traxler, e até hoje não estão totalmente concluídas de acordo com o projeto original. O salão onde a Igreja se reúne foi construído para ser o salão nobre do prédio educacional e o local destinado ao templo é a parte da frente do prédio de educação, onde foi lançada a pedra fundamental.

A Igreja tem sido muito atuante, pois mantém um bom trabalho da Mocidade, dos Homens, de Ação Social, da Sociedade de Mulheres, de Educação Cristã e de Evangelização.

Segundo os entrevistados, até 1993, a Igreja realizava em excelente trabalho através de cultos ao ar livre e programas de rádio, alcançando grandes vitórias na conquista de novas almas.

A partir de1994, a Igreja da Asa Sul iniciou uma nova fase mais centrada em dons e ministérios e expansão missionária.

Congregação do Paranoá

No final do mesmo ano a Igreja investiu no ponto missionário do Paranoá. A invasão foi retirada e as reuniões aconteciam na residência da irmã Maria, uma pioneira do lugar. Em seguida o trabalho passou a funcionar em uma Escola Pública liderado por um grupo da Igreja, na maioria jovens.

O irmão Luis Carlos Cassis comprou e doou para a Igreja um terreno onde foi construída uma pequena Capela para atender aos trabalhos. Com o crescimento transformou-se em congregação e hoje, inclusive, requer a construção de um prédio maior.

Os primeiros Evangelistas a assumirem a Congregação foram:

- André Luiz Ziller
- Pr. João Alves de Souza
- Pr. Ruy Sérgio Santos Simões

Hoje a Congregação do Paranoá é dirigida pelo Pr. Onias Borges e conta com uma freqüência média nos trabalhos dominicais de 90 pessoas.

Ponto Missionário de Fazenda Velha

Continuando o avanço missionário, através da Congregação do Paranoá, foi inaugurado um trabalho missionário em Fazenda Velha, uma área rural, em agosto de 2001. Os trabalhos são realizados com uma freqüência média de 30 pessoas.

Congregação de Alphaville

Um trabalho iniciado em uma chácara na estrada para Unaí veio a se transformar na Congregação de Alphaville, no estado de Goiás, a 75 Km de Brasília, que conta com uma freqüência média nos trabalhos de 40 pessoas.

Evangelistas e Pastores que assumiram o trabalho:

- Rev. Manoel Ferreira;
- Rev. Vicente Aparecido Borges;
- Ev. Albiléo Trentino Ziller.
- Pr. José Lucas Ribeiro;
- Pr. Mauro Rosa;
- Missionário Alejandro Quinto.

Congregação de Luizânia

Um novo trabalho teve início em Luziânia, no estado de Goiás, implantando ali também a Igreja Metodista.

Foi alugado um pequeno barracão, onde, além da Escola Dominical e do Culto, era oferecido um curso de alfabetização de adultos. À frente do trabalho estava o Ev. Ottomar Bucker.

Como o local era muito pequeno e afastado, foi alugado um outro imóvel, na avenida principal, facilitando o acesso. A Igreja Metodista da Asa Sul possui um terreno para estabelecer o templo definitivo e uma obra social naquela cidade.

Com a saída do Ev. Ottomar este ano, o trabalho está sob a responsabilidade do Missionário Walter de Melo.

A Congregação tem uma freqüência média de 50 pessoas.

Ponto Missionário da Estrutural

No avanço missionário, no segundo semestre de 2002 a Igreja começou um trabalho social e espiritual com crianças e adultos de uma favela conhecida como Lixão da Estrutural,

O trabalho é conduzido por uma equipe liderada pela Ev. Lenira Araújo Pinto Teixeira, com participação ativa de jovens e juvenis e apoio da Sociedade dos Homens.

Segue aqui um texto que conta um pouco a história do Ponto Missionário:

"UMA IGREJA QUASE VAZIA
Maria Luiza Schlottfeldt Fagundes

Assim estava a Igreja Metodista da Asa Sul no Domingo, dia 30 de março de 2003. Aldo Fagundes, o Pregador do Culto das 9:00 horas falou para 12 pessoas, apenas. Num Templo que tem capacidade para 200 pessoas sentadas, poderia ser desanimador ver tantos bancos desocupados. Bem, talvez não estivessem assim. O irmão Tarcísio dizia que quando o povo não vem, Deus preenche os lugares com anjos.

Para completar, às 10:00 horas, quando começou a Escola Dominical, apareceram três visitantes. Todos nos empenhamos em convidar amigos e amigas para assistirem à programação da Igreja, que sempre é especial. Pois entre os que nunca aceitaram os reiterados convites, ali estavam três, justamente naquele dia. Podíamos ler no rosto de cada um: Foi para ver tão pouca gente que me convidaram? Esta é a Igreja que tanto elogiaram? É esta a Igreja de que gostam tanto? É esta mesmo. E havia uma boa razão para estar quase vazia naquela manhã.

Há pouco tempo atrás, uns dois anos, talvez, a Lenira de Araújo Pinto Teixeira, uma das nossas jovens irmãs, Professora na Escola Dominical e mãe de adolescentes, ficou muito impressionada com a quantidade de crianças que invadia o Lixão, perto da Estrutural, uma estrada moderna e bonita, que liga o Plano Piloto a Taguatinga e à Ceilândia, com acesso a outras Cidades Satélites. Depois que os caminhões da limpeza pública despejavam toneladas do lixo da cidade ali, meninos e meninas revolviam tudo, à procura de sobras de comida e do que pudesse ser aproveitado. As reportagens que os noticiários da televisão exibiam eram deprimentes e tocaram no coração da Lenira. Todos nós sentimos o mesmo, mas ela resolveu agir.

Aos domingos, pela tarde, começou a aparecer no Lixão, para conversar com aquelas crianças e falar sobre Jesus. Ali mesmo, onde elas passavam o dia catando algo para comer. No começo eram seis, mas o grupo começou a crescer. Mais um pouco e ele levou-as para o quintal da casa de uma ex-empregada sua, na Invasão que estava se formando. Com a solidariedade de outros irmãos e irmãs da Asa Sul, fretou um ônibus e levou-as a passear pela cidade. No Natal, motivou o Coral da nossa Igreja a apresentar a tão famosa e esperada Cantata para os seus meninos e meninas.

Quando o grupo de crianças chegou a sessenta, começou a reuni-las na rua. É que muitas famílias invadiram a área em frente ao Lixão, do outro lado da estrada. Da noite para o dia, havia uma enorme comunidade, morando em barracos de papelão, de compensado, muitos cobertos com plástico. Denunciados às Secretarias da Habitação e da Segurança, não demorou muito e a Invasão da Estrutural foi arrasada por tratores que demoliram os barracos, enquanto a Polícia expulsava os invasores. Pouco tempo depois, nova Invasão, nova ação policial, só que os moradores resolveram reagir, com seus paus e pedras. De outra vez, a reação foi com tiroteio e a Polícia descobriu uma fábrica de armas em um dos barracos. Tudo isso no Plano Piloto, próximo aos Palácios e aos pontos de atração turística da nossa Capital.

O local passou a ser temido e o movimento na estrada diminuiu, porque os invasores, quando se sentiam ameaçados, faziam passeatas de protesto, obstruindo a pista e impedindo a passagem de veículos. Durante o período eleitoral houve uma trégua. Foi quando os moradores aproveitaram para formar uma nova Cidade Satélite.

Pois foi ali que o trabalho iniciado pela Lenira se desenvolveu, primeiro com o apoio da Sociedade de Homens, depois da Sociedade das Mulheres e, finalmente, de toda a nossa comunidade. O grupo já contava com noventa crianças quando ficou evidente que era preciso um espaço maior para o atendimento delas. Uma construção foi iniciada ali e naquele domingo, dia 30 de março, estava sendo inaugurado o Templo Metodista da Estrutural, grande o bastante, para abrigar também a quantidade de adultos, mulheres, principalmente, que passaram a acompanhar os filhos. E o total de crianças chegou a 120.

Quase toda a congregação da Asa Sul saiu de nossa Igreja às 8:00 horas, junto com o Rev. Euler de Oliveira Alves de Souza, nosso Pastor, para essa inauguração. Muitos foram em ônibus, especialmente fretado. Outros, em carros particulares e não faltou carona para quem se dispôs a ir.

Não só o Templo foi consagrado ao Senhor. Também o salão ao lado, onde os moradores da Estrutural receberam assistência especializada. O Dr. Jezreel, o Pediatra que examinava as crianças, trata dos filhos dos parlamentares durante a semana, porque trabalha no Serviço Médico da Câmara dos Deputados. De igual modo, os e as Dentistas, as Enfermeiras, as Nutricionistas, os Advogados e outros profissionais, todos trabalharam, com dedicação e carinho. Depois houve almoço comunitário e bazar, muito apreciados e muito elogiados.

Mas o trabalho metodista não funciona só aos domingos, ali. Durante a semana, há cursos profissionalizantes para que, trabalhando, ninguém precise mais depender das sobras dos alimentos deteriorados do lixo.

Por essa e por outras razões a Igreja Metodista da Asa Sul é tão amada pelos seus integrantes, que fazem o possível para que ela seja, realmente, uma Igreja Missionária a serviço do povo.

Eu só tenho uma dúvida: onde mesmo estavam os anjos – preenchendo os bancos vazios do Templo da Avenida L-2 Sul, ou entre os que serviam, entre os que louvavam, entre os que ouviam falar de Jesus, no novo Templo Metodista da Estrutural?

Parabéns, Lenira, pela tua sensibilidade, pelo teu amor, pela tua visão, pela tua disposição de servir, iniciando um trabalho difícil, que o Senhor aprovou e abençoou. Parabéns gente maravilhosa que apoiou e se engajou nessa missão tão importante e tão bonita. Foi com o coração aquecido e agradecido a Deus pela vida de cada um de vocês que nós, os poucos que ficamos, os representamos no Culto e na Escola Dominical, nesse dia histórico para a nossa Igreja.

Ao escrever esse texto, estou pensando na comemoração dos 300 anos do nascimento de João Wesley. O meu desejo é que os nossos irmãos e irmãs metodistas sintam que o espírito evangelístico que impulsionou o grande servo de Deus continua nas novas gerações. A “linha de esplendor sem fim” não se partiu, graças a Deus. Que o Senhor continue a abençoar esse e outros trabalhos do seu povo, pois para a Sua honra e glória é que são realizados."

Acampamento Recanto Metodista

A Igreja possui uma chácara com 12.000m² a 50 Km de Brasília, com alojamentos, salão de reuniões, churrasqueira, piscina, quadra de vôlei de areia, dois campos de futebol e área para camping para melhor atender a comunidade no lazer, retiros e acampamentos, chamada Recanto IMAS.

O Recanto foi administrado pelo casal Roberto e Jane Castro que o transformaram num lugar agradável. Depois, a administração passou para o casal Valdemir e Solange Souza e atualmente está a cargo dos irmãos Paulo Machado e Sérgio Faria.

Com 383 membros no Rol e participação regular de cerca de 250 pessoas, hoje a Igreja da Asa Sul destaca-se na Região pela expansão missionária local e por manter, há 8 anos, a liderança na arrecadação de recursos financeiros.

A música é um dos pontos fortes da Igreja, que possui um coral, dois grupos vocais (Consagração e Veredas) e duas equipes de louvor e adoração.

A Igreja da Asa Sul tem sido chamada a grandes desafios. Tem mostrado bons resultados, frutos da caminhada sob a proteção de Deus. Ainda tem muito a fazer, pois é uma Igreja de grande potencial, Temos fé em Cristo Jesus que a obra prosseguirá caminhando para o alvo que é a libertação integral do ser humano.

Igreja Metodista da Asa Sul

extraído do site http://www.imasul.com.br/historico.htm

UM NOVO JEITO DE LOUVAR AO SENHOR!

Naquele dia, o grupo de adolescentes se reuniu na casa do Daso. Ele voltara do 'Palavra da Vida', onde passou um ano estudando a Bíblia. Voltou com novas ideias e propostas.

Era um tempo em que quase não havia atuação dos jovens na Igreja Metodista da Asa Sul. Era o ano de 1971. Os jovens da década anterior haviam se dispersado, um pouco por influência da repressão da ditadura que o país vivia àquela época.

As igrejas eram formais. A música tradicional. Os cultos, solenes!

Daso trazia novas ideias e propostas. Foi criado um Clube Bíblico não só com a participação dos jovens e juvenis da IMAS, mas também de outras igrejas metodistas e demais igrejas evangélicas.

Reuniam-se aos domingos à tarde, cada vez na casa de um, que oferecia o lanche, devorado pelos adolescentes famintos após aqueles momentos alegres de louvor, estudos e oração. Eram cânticos acompanhados pelo violão do Quico, estudos da Palavra voltados para a realidade dos jovens e momentos de oração. O “Deus grandão que outrora morava no céu”, passou a ser íntimo e chamado de “Paizinho”... com encontro marcado diariamente na “hora silenciosa” e nas reuniões semanais das células do E.C.O. - Estudando, Compartilhando, Orando.

Foi desse núcleo que surgiu o “Ele Vive”, um grupo que inaugurava, na Igreja da Asa Sul, e nas demais Igrejas Evangélicas do DF, uma nova forma de louvor.

O violão, as palmas e os cânticos com novos ritmos invadiram os templos, convivendo com a solenidade dos cultos tradicionais. Os jovens alegres e sorridentes não só cantavam, mas testemunhavam a “grande transformação” que Deus havia feito em suas vidas... de adolescentes criados na Igreja, sem nunca ter tido experiência fora desse contexto.

Hoje, olhando para trás, lembro com carinho dessas cenas. A partir dali, muita coisa mudou na vida daqueles jovens e da Igreja. Alguns, que começavam a se afastar, foram atraídos de volta ao seio sagrado da convivência saudável. Mais do que um grupo de participantes daqueles trabalhos, os laços de amizade se aprofundaram e se tornaram perenes. Muitos casamentos nasceram daquele grupo, gerando os filhos, a terceira geração da Igreja Metodista da Asa Sul.

Foi a primeira semente para novos tempos na forma de louvar ao Senhor!

Dulcinéa Cassis

CENTRO COMUNITÁRIO SÃO LUCAS Começou também com Abrão...





Era uma tarde de domingo.

Na hora em que as moças se aprontavam para a matiné, aquela jovem, ainda meio menina, contava histórias.

Eram histórias da Bíblia, contadas com o auxílio das figuras em um flanelógrafo, em meio à poeira da recém inaugurada Ceilândia Sul.

Foi assim mesmo. Ao ar livre, sob o forte sol da tarde, que se reuniram as crianças que brincavam na rua, de barriga de fora, nariz escorrendo e pés no chão.

Era um povo humilde que acabara de ganhar o seu tão sonhado lote na Ceilândia, cujo próprio nome indicava a conquista: C E I: Campanha de Erradicação das Invasões. CEIlândia!

A Igreja Metodista recebera, com a inauguração da nova cidade, dois terrenos. Um na Ceilândia Norte, região para onde foram transferidos os barracos das famílias que já frequentavam os trabalhos na Invasão do IAPI, outro na Ceilândia Sul, o maior deles. Para as proximidades daquele terreno, na Ceilândia Sul, não fora ninguém. Não havia quem fosse frequentar os trabalhos que lá iriam ser realizados. Não restava outra alternativa, a não ser evangelizar!

E foi assim que o casal Fábio e Priscila e a adolescente Dulcinéa foram para a rua. Reuniram crianças para ouvir histórias. Convidaram aquelas crianças para ouvir mais uma história no próximo domingo, dessa vez no barracão.

O barracão foi construído como tantos outros no início da Ceilândia. De madeira reaproveitada, pintada de cal tingido de rosa. Cor de rosa, para combinar com o piso de cimento vermelhão! O piso, recortado e mal feito. Mas quem se importava? Era trabalho voluntário, assim como a pintura feita em mutirão.

O primeiro dia de escola dominical... O primeiro aluno, Abrão! Um garoto de uns dois anos de idade. Tal qual o patriarca chamado por Deus para uma terra que lhe seria mostrada, o primeiro aluno que deu origem à uma grande escola dominical, hoje um grande Centro Comunitário, também se chamava Abrão.

No primeiro domingo foram apenas algumas crianças, acompanhadas por suas mães. Nos outros domingos, cada vez mais alunos. Aos poucos, a frequência foi aumentando.

As contribuições financeiras foram chegando. As feijoadas anuais para arrecadar fundos - uma delícia, a especialidade de Dona Elza... – reforçavam o orçamento para a construção do prédio de alvenaria.

Tijolo sobre tijolo, o prédio foi crescendo com a ajuda do mutirão dos irmãos de Brasília e até com gente de fora, que veio do exterior.

Um dia, o prédio ficou pronto! Um marco da Igreja Metodista na Ceilândia Sul!Ali, hoje funciona o Centro Comunitário São Lucas, além da Igreja, uma grande obra social de atenção à infância e adolescência.

E foi assim, contando tantas histórias, que hoje conto essa história para as novas gerações.

Tudo começou assim, com um menino chamado Abrão...

No Reino de Deus, nada acontece por acaso!

Dulcinéa Cassis