segunda-feira, 9 de novembro de 2009

IDE A BRASÍLIA - Depoimento de Jacira Sucasas em novembro de 1957


    (Clique na imagem para ler o original)

"Aos 3 de maio de 1957 tive o privilégio de ir até Brasília, levar a mensagem da mulher evangélica metodista, não só às autoridades civis, militares e eclesiásticas presentes por ocasião da primeira missa realizada naquela futura capital, mas também ao povo em geral.
 
Voltei encantada com tudo o que vi e ouvi! Tive o prazer de ver de perto o que o rev. Reily descreve em seu artigo "Os filhos de Wesley em Brasília", na revista de setembro. Fiquei cinco dias em Brasília,conversando comos nossos irmãos brasileiros que lá estão. Pude admirar de perto o esforço particular e destemido dos heróis bandeirantes que lá estão jogando a sua sorte, desbravando terra virgem e enfrentando toda a espécie de sacrifício e dificuldade.

 Vimos em Brasília um campo promissor para o evangelismo nacional. Imensa seara - aplainada e esperando ansiosa os semeadores! Percorrendo aqueles imensos horizontes, visitando as pessoas de casa em casa, falando de indivíduo em indivíduo, pensei comigo: gostaria de ficar ao menos uns dois meses aqui,  pois estou certa que poderia fazer não só um grande trabalho de evangelização, mas também de assistência social a este povo tão necessitado de alguma coisa superior...


JOVENS METODISTAS: este é o meu apelo. (faço-o com o coração cheio de alegria e esperança, pedindo a Deus que minhas palavras encontrem eco em vossos corações).  Programai o vosso próximo acampamento de trabalho para Brasília!

Ide levas àquelas plagas brasileiras um pouco do vosso espírito jovem e cristão. Não só fareis um trabalho pioneiro, de cooperação com o nosso governo, mas podereis mostrar com este gesto que a religião evangélica não é uma religião de promessas e fantasias, mas uma religião de ação, patriotismo e trabalho.

O povo de nossa Pátria está cansado de uma religião pagã, de santinhos e patuás. Brasília já está compreendendo isto! Por isso mesmo ela espera os evangélicos de braços abertos!

Ide a Brasília. Estou certa de que Deus vos chama para este glorioso trabalho. Muitas experiências podereis colher através dese trabalho, experiências que redundarão em bênçãos não só para a mocidade, mas também para muitos dos que lá estão.

Que Deus vos abençoe, meus queridos jovens metodistas."

Jacira Sucasas
Esposa do revmo.bispo Isaís Fernandes Sucasas

Extraído da revista Cruz de Malta, publicação da Igreja Metodista, edição de novembro de 1957, cedida por Marlene Faria.

COMO ESTAVA A IGREJA METODISTA NO DISTRITO FEDERAL, EM 1966

Em dezembro de 1966, Rev. Charles Wesley Clay, em relatório à Igreja, relata "Temos já oito Igrejas organizadas, 11 Escolas Dominicais, quatro Jardins de Infância, Cursos de Artesanato em 6 lugares, um programa diário de rádio e semanal de televisão, além de muitos outros trabalhos. Temos já três boas casas pastorais, quatro prédios para educação religiosa e quatro capelas provisórias de madeira, e mais uma em construção e outra para ser construída logo. Além disto há vários projetos de construção permanente em processos e vários terrenos que estão sendo legalizados. Todas estas responsabilidades tem prejudicado, um tanto, a assistência do Pastor à Igreja local. Não fôra os leigos, digo, o bom trabalho dos leigos em tôda parte estaríamos em piores condições. Além da Igreja local o Campo Missionário, do qual sou Superintendente, inclue uma Igreja em Sobradinho, uma na Asa Norte, outra em Paracatú e outra no Núcleo Bandeirante, formando a paróquia da qual também sou Pároco. Inclui o campo ainda outra Paróquia com as seguintes igrejas: Vila Matias e Gama (sendo o último uma congregação), Taguatinga Centro e Taguatinga Norte. Inclui ainda pontos de pregação e Escola Dominical em Vila Planalto, Invasão do IAPI e Vila Tenório e mais os planos de futuras construções nos terrenos da Asa Norte Comercial (para o pensionato universitário) e Asa Sul Comercial para escola Maternal. As organizações da Igreja e da Paróquia vão relativamente bem, graças a atenção de vários oficiais responsáveis. As outras igrejas da Paróquia também vão bem com a cooperação do jovem aspirante Antonio Maurilio Guimarães como pastor ajudante em Sobradinho. (sendo ele já aspirante ao diaconato agora no fim do ano), e a eficiente cooperação e colaboração do consagrado pastor, diácono Daniel Paulo Faria, pastor suplente da Asa Norte e N.Bandeirante." relatou, em ata, Wilma Hipólito.

domingo, 8 de novembro de 2009

Grande achado!

Artigo publicado na Cruz de Malta, em setembro de 1957 sobre a inauguração do primeiro trabalho da Igreja Metodista em Brasília - colaboração de Marlene Faria






OS FILHOS DE WESLEY EM BRASÍLIA

Escreveu: Duncan Alexander Reily

A história heróica e visionária de um bispo, um povo unido e uma capela-escola na nova capital


"TUA É, Ó SENHOR, a grandeza, e o poder, e a glória e a vitória, e a majestade, porque tudo que há no céu e na terra é teu. Tudo vem de ti, ó Senhor, e do que é teu to damos". Assim em uníssono falou a congregação no término do culto de inauguração e consagração da Escola Metodista em Brasília, que é também sua Capela temporária. Após a invocação da Benção Apostólica pelo revmo Bispo Isaías Fernandes Sucasas, só faltaram as calorosas despedidas, e os componentes das caravanas de metodistas vindas de Anápolis e Goiânia subiram nos caminhões para encetar a longa viagem de volta. Não foi com pouca emoção nesta data memorável de 7 de julho que presenciei esta cena comovente, que foi o "clímax" duma série de eventos que tiveram início em fevereiro deste ano. Nos aludidos acontecimentos, muitos metodistas colaboraram, para transformar um sonho em uma realidade palpável.

Quando cheguei ao Brasil em 1948, já se falava no futuro Distrito Federal em Goiás, lugar mais central que haveria de apressar o desenvolvimento do tremendo interior do país. Naquele tempo, porém, pouco entusiasmo existia em torno do assunto. No atual governo, no entanto, vê-se um esforço ingente para efetuar a mudança da capital. O presidente da nação faz frequentes visitas a Brasília, e sua simpatia e espírito democrático fazem-no amado pela população do lugar. Apesar das dúvidas que muitos ainda nutrem, o "vai ou não vai" do negócio, o metodismo viu a necessidade de fazer a sua parte no sentido educacional e evangelístico e resolveu hastear sua bandeira na Nova Capital.

O PRIMEIRO PASSO neste sentido se deu quando conseguimos, por intermédio do dr. Luiz Milazzo, Secretário de Agricultura, Comércio e Indústria do Estado de Goiás e do dr. Rui Ramos, ex-deputado federal, um excelente terreno medindo 8.000 metros quadrados, apenas a um quarteirão da rua principal do "Núcleo Bandeirantes", como se denomina o centro provisório da Nova Capital. Mas havia a exigência de construir dentro de 60 dias, uma escola nesse terreno. Quem iria fazer a construção e com que dinheiro? Na reunião ordinária da Junta Geral de Missões e Evangelização, o Bispo Isaías F. Sucasas, membro da Junta, ofereceu-se para ir até Brasília e ficar o tempo necessário para lançar bases firmes para a obra metodista. O obstáculo financeiro foi superado quando a Junta de Ecônomos da Igreja Metodista Central emprestou Cr$ 200.000,00 para iniciar a obra.

Chegando a Brasília, o Bispo precisou enfrentar a inevitável demora da burocracia local, mas, mesmo assim não perdeu tempo. Ia quase que diariamente do Núcleo Bandeirante até o "quartel general" do planejamento e das obras da Nova Capital, conhecido como "Novacap", para conseguir a medição do terreno e a aprovação da planta do prédio escolar, um "passeio" duns bons quilômetros. Escreve o Bispo Isaías da experiência: "Enquanto esperava para tratar dos interesses de nossa Igreja junto aos responsáveis e autoridades da Nova Capital, aproveitava o meu tempo em trabalho de catequese de casa em casa, de indivíduo a indivíduo. Assim pude travar relações com todos os negociantes, hoteleiros, donos de bar, padaria, farmácia, bancos, etc. Qual não foi minha surpresa descobrindo através desse trabalho, batistas, presbiterianos, pentecostais e metodistas! Verdadeira invasão dos evangélicos na cidade livre!..."

Antes de construir, o Bispo Isaías conseguiu realizar um culto, histórico ato de adoração, no dia 30 de abril, às 18 horas, no terreno dum leigo metodista, o sr. Nivaldo Barbosa. No dia 5 de maio no barraco que ele havia construído para sua moradia temporária (pequena casa de tábuas medindo 32,80 metros), com a presença de 20 pessoas, organizou a primeira Escola Dominical metodista. Portanto, antes da primeira missa católica, o metodismo já estava funcionando em Brasília. Abrindo um parêntesis, devo dizer que tive ocasião de assistir quando em Brasília a uma missa católica, a qual se realizou numa barraca coberta de lona, pois os católicos não possuem ainda capela Curiosamente, o padre deu pouca ênfase à elevação da hóstia com a sua transubstanciação. Cantaram-se vários hinos, alguns dos quais poderiam ter sido cantados num culto evangélico.

SABENDO que o nosso prédio escolar-capela seria inaugurado no dia 7 de julho, tratei de viajar para Brasília, chegando ao crepúsculo do dia 5. Cheguei ao lindo aeroporto de Brasília, cuja pista é uma das melhores do interior do Brasil, sem saber como iria descobrir o Bispo Isaías. Mas no micro-ônibus que leva os passageiros até a cidade (creio que há um único taxi em Brasília), conversava com o senhor que estava ao meu lado, dizendo-lhe do motivo da minha visita até a Nova Capital. Atrás havia vários médicos que vinham de diversos lugares de Minas e Goiás para um Congresso de Médicos; entre estes estava o dr. Isac Ribeiro, o encarregado do trabalho batista do Núcleo Bandeirantes. O dr. Isac me mostrou o lugar onde deveria saltar; no ponto me esperava a da. Jacira Sucasas, esposa do bispo e a miss Rosalie S. Brown, professora do Instituto Metodista, em São Paulo. O Bispo Isaías havia reservado uma cama para mim no Hotel Dom Pedro II, que, como logo descobri, tinha luz elétrica só durante a hora do jantar (quando funcionava) e água corrente só de vez em quando, pois o poço estava quase seco. Apesar dessas dificuldades normais duma cidade nascente, descobrimos que a alimentação era suculenta e farta. (Miss Brown não conseguiu lugar no hotel pois havia lugares só para homens; ela dormiu num colchão emprestado, colocado em cima de bancos na escola).

Conhecemos mais ou menos bem a cidade, que cresce assustadoramente. Pessoas de todas as partes do Brasil estão lá, muitas morando em tendas ou barracas de sapé ou palha, enquanto não arranjam melhor abrigo. Há muitos pequenos hotéis, todos superlotados, além de numerosos restaurantes, cafés e bares. Cinco bancos já funcionam, bem como uma companhia de seguros. O comércio cresce e algumas pequenas indústrias se montam. Quase todas as casas são de madeira. Cimento, tijolos e outros materiais de construção são caríssimos e difíceis de serem obtidos. Sábado de manhã fomos até a Novacap onde distribuímos folhetos e convites. Estivemos lá na hora em que o restaurante do SAPS estava servindo almoço, e entregamos convites aos operários na fila. Fomos informados de que o referido restaurante serve umas 2.000 refeições diárias. Neste dia, o Congresso de Médicos acima-mencionado estava reunido em Novacap, onde um engenheiro chefe explicava-lhes os planos das construções da Nova Capital. Pudemos entrar e assistir a sua palestra. A da. Jacira aproveitou o ensejo para fazer chegar às mãos do presidente Juscelino Kubistchek um convite para a inauguração da Escola Metodista. Diversos médicos também solicitaram convites.

NATURALMENTE, a nossa maior emoção se deu no dia 7 de julho, o dia da inauguração. Duas caravanas metodistas, de Anápolis e de Goiânia, vieram para abrilhantar a festa. Muitos dos caravanistas eram figuras do coral que, sob a regência do rev. José Cabral, pastor e S.D., emprestaram um "que" de arte e beleza à cerimônia de inauguração. Mas como hospedar um grupo deste tamanho? Onde dormiriam? O que e como comeriam? Estes obstáculos foram vencidos no espírito de amor cristão. Alguns dormiram no chão ou em colchões no prédio escolar; outros em casas de crentes amigos. Mas sem panelas e nem pratos e talheres, como preparar e servir um almoço pra uma multidão de metodistas com fome? solucionou-se o problema do modo gaúcho - fez-se um grande churrasco e cozinharam-se uns dez quilos de batata para salada, sobre um fogo aberto. Assim, muitos que nunca haviam provado churrasco à gaúcha tiveram esta oportunidade.

De manhã realizou-se uma singela cerimônia cívica quando, pela primeira vez, foi hasteado o pavilhão brasileiro no terreno da Escola Metodista. Depois, às quinze horas, o nosso salão não comportou as pessoas que vieram assistir às solenidades de inauguração da escola, cujo programa foi impresso na primeira gráfica de Brasília. Como herdeiros de Carlos Wesley, é natural que a música tenha recebido um lugar relevante, desde o cântico do Hino Nacional pela congregação e a execução de diversos hinos pelo conjunto coral sob a regência do rev. José Cabral, até o cântico dum hino escrito pelo Bispo Isaías F. Sucasas especialmente para a Escola Metodista de Brasília. A mensagem oficial, trazida pelo dr. Luiz Milazzo, Secretário da Agricultura, Comércio e Indústria do Est. de Goiás, fazendo uma feliz comparação entre a visão de Jacó em Betel (Casa de Deus) e o edifício que se consagrava como Casa de Ensino-Casa de Deus, interpretou com felicidade o significado da ocasião. Além das autoridades metodistas presentes, como o Bispo Isaías,o rev. José Cabral, S.D. e da. Jacira Sucasas, presidente da Federação das Senhoras da terceira Região, também vários oficiais civis estiveram presente ou fizeram-se representar. Entre eles, naturalmente, o já mencionado dr. Luiz Milazzo, o qual trouxe também a saudação do governador do Estado. Salientamos ainda a presença da esposas do dr. Sayão, vice-governador do Estado de Goiás e chefe das obras em Brasília. Irmãos das denominações irmãs, batista e presbiteriana, saudaram efusivamente aos metodistas. Mais importante ainda - quanto ao funcionamento da obra - devemos mencionar que o jovem Rubem Rodrigues Dantas, nosso professor-evangelista, foi apresentado e usou da palavra. Uma outra parte interessante do programa foi a exposição de presentes à Igreja e Escola. Eles incluíram um lampeão "Petromax" doado pelas senhoras da 3a Região; uma linda Bíblia de púlpito e aparelho da Santa Ceia doados pela Imprensa Metodista; material escolar doado pela da. Jacira Sucasas e diversos livros para a biblioteca da escola oferecidos por miss Rosalie Brown.

TENHO ME IMPRESSIONADO como os metodistas por toda a parte estão espontaneamente unindo forças para que a obra em Brasília tenha pleno êxito. Já tivemos oportunidade de apreciar a valiosa contribuição dos drs. Luiz Milazzo e Rui Ramos quanto ao terreno; do destemido trabalho pioneiro do Bispo Isaías Sucasas, que transformou uma barraquinha de 3 X 2,80 em "palácio episcopal", dali dirigindo a obra da construção bem como a obra inicial de evangelização. Já notamos a colaboração material da Igreja Central de São Paulo, cujo empréstimo possibilitou o início deste trabalho e cuja contribuição generosa de CR$ 150.000,00 está facilitando a sua concretização. Tivemos o ensejo de mencionar as dadivas de aparelhagem e equipamento doado por amigos e ainda o fato que um jovem se apresentou como professor-evangelista. (Outros também têm-se oferecido.) Mais uma vez o nome da "Central" merece nossa menção, pois é ela quem vai sustentar o professor.

Mas todos sabem que um começo não é suficiente; importa que mantenhamos a obra condignamente. Sem apelo especial, as igrejas e entidades metodistas vêm contribuindo. Por exemplo, o Concílio Distrital do Distrito da Penha, Terceira Região, fez uma oferta especial em prol da obra;outros fizeram o mesmo. O Distrito de Rudge Ramos, também da Terceira Região, votou as ofertas dos cultos dos Quartos Domingos para Brasília. Várias Escolas Dominicais já fizeram ofertas generosas; sem uma propaganda intensiva, muitas estão seguindo a feliz sugestão do rev. Messias Amaral dos Santos na sua coluna, "Tenho em mãos", a de dar cada Escola Dominical metodista mil cruzeiros para o trabalho na Nova Capital. Mesmo o Conselho central, reunido no Rio de Janeiro dias 1 e 2 de julho, votou uma verba de quinhentos dólares, CR$ 35.000,00 para este trabalho.

Sentimo-nos contentes e, por que não dizer, orgulhosos por pertencer a uma Igreja que sabe unir suas forças desta maneira tão bela para a realização de um ideal.

sábado, 7 de novembro de 2009

FOI NA CIDADE LIVRE QUE ESSA HISTÓRIA COMEÇOU...



Era o ano de 1957. Impulsionados pelo sonho de participar da construção da nova capital, brasileiros de todas as partes do país deixavam suas famílias e suas casas, movidos por um sonho. Um sonho que foi concretizado! Era uma nova vida! Uma vida que se esperava oferecesse novas oportunidades.

Chegavam de caminhão ou de jardineira. A estrada era de chão! De terra vermelha, como artérias expostas que traziam a seiva do progresso, no projeto de interiorização da capital.

Em sua bagagem, alguns não traziam quase nada. Algumas mudas de roupas, umas panelas talvez... algum mantimento para suprir os primeiros dias enquanto se instalavam.

Mas todos traziam algo que aqui não podia faltar: esperança! A esperança de participar daquele momento histórico! A esperança de construir uma nova cidade, um novo mundo, uma nova Capital. Esperança de oportunidades de trabalho, de se ter um canto para morar. Vinham sem saber muito o que poderiam encontrar. Traziam muita coragem, muita disposição, muita força para trabalhar!

Em meio àqueles primeiros que chegavam, estava o “Seo” Nivaldo, um jovem, à época, de seus vinte a trinta anos. A mulher e os filhos ficaram em Goiânia, sua cidade de origem, enquanto ele veio aqui para se instalar. Homem habilidoso, sabia da arte de construir. Montou sua barraca com paredes de papelão. A cozinha era debaixo de uma árvore. O fogão, improvisado. Montou o seu lar e foi buscar a família: Astéria, que nos contou essa história, e as crianças: duas meninas e um menino.

Não muito longe dali, na mesma Cidade Livre, hospedado, pelo que se sabe, no único hotel da cidade, chegara de São Paulo um bispo. Um bispo da Igreja Metodista, Rev. Isaías Sucasas. Veio como desbravador. Assim como João Wesley, o fundador do Metodismo, movido pelo Espírito do Deus Vivo e que desbravava novos horizontes montado em seu cavalo, Bispo Isaías veio desbravar o cerrado brasileiro. Era a marca do Metodismo chegando à nova capital.

Nivaldo, também metodista, assim que se instalou saiu à procura de onde pudesse congregar. Eram os primeiros dias da construção de Brasília. Haveria alguma igreja por aqui? Foi perguntando e se informando... até que encontrou o Bispo Sucasas. Nivaldo era o homem de que a Igreja Metodista precisava naquele momento e naquele lugar: um construtor! Mais do que isso: um metodista que abriu a porta de sua humilde e provisória barraca de paredes de papelão para a celebração do primeiro culto metodista em Brasília.

E foi no dia 29 de abril de 1957! Na frente da “barraca”, no dizer de Dona Astéria, em meio à poeira de terra vermelha. As pessoas sentadas nas pedras. Ali, com a presença de 24 homens e 4 mulheres, foi celebrado o primeiro culto da Igreja Metodista na Cidade Livre. O primeiro culto no Distrito Federal.

Era a Igreja Metodista cumprindo o seu papel na Evangelização e na Educação!

Os dias que se seguiram foram de muito trabalho. Era preciso pressa para construir! Primeiro, a casa pastoral. Depois, a primeira capela, de madeira com forro paulista, como era o modelo das primeiras construções. Ali, na primeira sede da Igreja Metodista no Distrito Federal, foi onde funcionou a primeira escola da cidade para atender aos filhos dos trabalhadores que para cá vieram. A tradição metodista de pioneirismo na Educação também esteve presente no início de Brasília.

Dona Astéria nos conta essa história com orgulho, mostrando o seu caldeirão, onde cozinhava o feijão para tanta gente, e a sua máquina de costura, que servia de mesa para servir com carinho ao Bispo Isaías.

Depois foram chegando outros. Dona Cacilda, enfermeira experiente, mulher de fé e coragem, desbravadora de horizontes geográficos e culturais, também chegou nessa época. Veio primeiro sozinha, depois foi logo buscar a família. Dona Cacilda, pioneira, foi a primeira enfermeira a chegar no solo brasiliense. De suas mãos parteiras, muita criança nasceu. De seu testemunho cristão, muita gente renasceu!

São pessoas que hoje lembram a história de como tudo começou: a História do Metodismo em Brasília.

No início de Brasília era comum ver-se ao longe pequenos ciclones que, na vastidão do Planalto, se agigantavam na medida em que se aproximavam. Eram de terra vermelha!

Quando penso nessa cena, lembro de uma outra que, imagino, aconteceu muito longe daqui: Ao longe, no horizonte, se via um ciclone de poeira. Era a poeira levantada pelo trote de um cavalo. Montado, o cavaleiro aos poucos se aproximava. Trazendo na bagagem a Bíblia e a sua fé, com o coração aquecido pelo Espírito Santo, João Wesley, o fundador do Metodismo, desbravava, no século XVIII, horizontes para testemunhar a Graça Redentora de Deus.

Na construção de Brasília, cena semelhante! Não montados em cavalos, mas igualmente levantando poeira!

A poeira vermelha da terra que brotava tal sangue das veias de estradas abertas!.

Vermelha, como vermelho é o céu no pôr do sol em Brasília!

Vermelho como o sangue derramado na Cruz!

Vermelha como a chama que simboliza a experiência do coração aquecido!

A chama do Espírito de Deus, que em nós habita, e aquece os nossos corações!

Dulcinéa Cassis

Foto: Igreja Metodista do Núcleo Bandeirante no dia da fundação da Sociedade Metodista de Jovens - 17.11.1957 - foto cedida pela Sra Astéria

quinta-feira, 5 de novembro de 2009

OFICIALIZAÇÃO DO NOME DA IGREJA METODISTA DA ASA SUL

Em Assembléia 18 de dezembro de 1966, presidida pelo Rev. Charles Wesley Clay, a então chamada Igreja Metodista Central de Brasília teve seu nome oficializado como Igreja Metodista da Asa Sul, "já que pelo plano arquitetônico de Brasília, não existe Igreja Central. Não é certo dizer a primeira pois no caso é a do Núcleo Bandeirante.", registrou Wilma Hipólito na ata da Assembléia.

PRIMEIRA ASSEMBLÉIA DA IGREJA METODISTA DA ASA SUL




No dia 3 de janeiro de 1962 foi realizada a primeira Assembléia da "Igreja Metodista Central de Brasília", ocasião em que foram eleitos os primeiros oficiais da igreja.

O pastor, Rev. Almir Pereira Bahia, pediu um voto de confiança para fazer as indicações para o "prenchimento dos diversos cargos da igreja, alegando que, tratando-se da primeira reunião da espécie em nosso meio, pouco era o conhecimento existente entre os membros, que possibilitasse alterar ou julgar, com felicidade, as indicações que trazia para a apreciação da Assembléia, junto de muita oração a Deus", relata Deyr Gomes, que lavrou a ata daquela reunião.

Você sabe o nome da primeira sede da Igreja Metodista da Asa Sul, que era localizada na 411/412 sul e onde foi realizada essa Assembléia?

quarta-feira, 4 de novembro de 2009

VOCÊ SABE?

Qual era o nome da primeira sede da Igreja Metodista da Asa Sul?

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